História da Educação Especial



A educação de crianças deficientes em Portugal, iniciou-se na segunda metade do século XIX, orientado em duas vertentes: uma assistencial para a qual foram criados asilos, e outra orientada numa vertente educativa, sendo para o efeito criados institutos para cegos e surdos. 
Estas, são pequenas palavras de uma grande HISTÓRIA: A DA EDUCAÇÃO ESPECIAL. É verdade, que um longo caminho já se percorreu. No entanto, muito há ainda a  fazer. Recordar a história é arranjar forças para novos caminhos e novas perspectivas. É este o sentido do vídeo que deixamos.




História da Educação Especial em


A terapia com a família

Neste ano de 2015 completam-se 30 anos de publicação, em Portugal, do primeiro livro de terapia familiar. Foi em 1985 que eu e o José Gameiro publicámos Terapia Familiar, nas Edições Afrontamento. Esta obra está hoje, como é evidente, um pouco desatualizada, mas na altura constituiu um marco na divulgação da terapia familiar sistémica como forma de intervenção em saúde mental. Vários cursos, realizados nos anos seguintes, utilizaram o livro como manual de aprendizagem e muitos formandos elaboraram trabalhos tendo como base as nossas páginas.


Trinta anos depois, a terapia familiar sistémica evoluiu muito. Já não temos a ideia, um pouco romântica, de que uma intervenção bem feita, proposta por um terapeuta experiente, poderia conduzir a uma grande mudança. Nem temos a convicção de outrora, de que certas perturbações psiquiátricas derivavam de comunicações distorcidas nas famílias de origem. Hoje sabemos que as doenças da mente resultam da interação complexa de fatores biológicos, psicológicos e sociais, e que a intervenção deve reunir uma série de procedimentos terapêuticos ajustados a cada caso, de modo a potenciarmos sinergias para podermos ser cada vez mais eficazes.

A terapia familiar sistémica, todavia, continua a ser fundamental em muitas situações. Refiro-me a problemas relacionados com crianças, adolescentes e suas famílias, bem como as questões originadas pelas interações com sistemas sociais como a escola, o grupo juvenil e os tribunais (sobretudo na relação com o divórcio dos pais). Ouvindo a família e interagindo com ela, o terapeuta fica na posse de informações essenciais para a condução da terapia, ao mesmo tempo que mobiliza e ajuda as famílias na sua missão de cuidar.

Quando oiço dizer, na televisão, que faltam camas de internamento para tratar as perturbações psiquiátricas da infância e da adolescência, não posso deixar de concordar. Em vários distritos existe apenas um pedopsiquiatra e muitos psicólogos que se ocupam dos casos, apesar do seu meritório trabalho, necessitariam do apoio de médicos para poder levar a cabo um atendimento correto. Em muitos casos, teria sido importante falar com a família, em vez de propor um internamento, porque todas as organizações familiares, em maior ou menor grau, têm possibilidade de responder às crises e de encontrar alternativas ao seu funcionamento. A minha experiência de 35 anos de trabalho com famílias mostra que, muitas vezes, basta sermos capazes de estruturar uma conversa — em que todos os membros da família podem fazer ouvir a sua voz e escutar a de outro — para que aquele conjunto de pessoas que vive em conjunto passe a ser capaz de conseguir um nível mais tranquilo de comunicação, de onde vão emergir soluções para os seus problemas.

Num caso recente de que tive conhecimento, em que uma adolescente de 16 anos se recusa a frequentar a escola, a intervenção tem consistido em sessões mensais com pai e mãe, conduzidas por dois médicos, enquanto a jovem é seguida individualmente por uma psicóloga. Segundo relato dos pais, as intervenções terapêuticas surgem descoordenadas, sobretudo os progenitores não se sentem ajudados a lidar com a filha. Seria muito mais simples se todos falassem em conjunto, numa sessão de terapia familiar sistémica!

A terapia familiar deveria ser hoje chamada “terapia com a família”, no sentido em que precisamos de a mobilizar e depois ajudar, qualquer que seja a sua configuração atual.


Daniel Sampaio
Fonte: Público - 18 de janeiro 2015

Júlio, O Professor: Um Português Extraordinário

JÚLIO, O PROFESSOR, dedica-se a jovens com deficiência intelectual desde os 17 anos, quando se tornou voluntário. Fez-se professor de música e inventou um bandolim de uma corda só, à medida dos alunos com autismo.

Uma corda sozinha pode dar pouca música, mas trinta bandolins de uma corda só, todos com afinações diferentes, criam uma orquestra cujos concertos emocionam o público. Júlio dos Santos, 52 anos, é o fundador d’O Bando das Cordas, um grupo de trinta jovens com deficiência intelectual e com autismo que tocam aquele bandolim único. «É uma coisa incrível, os trinta a tocar...» A orquestra é composta por trinta pessoas que frequentam três instituições de Vila Nova de Gaia – a Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo (APPDA), onde Júlio trabalha há 30 anos, e ainda a CerciGaia e a Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM). O Bando das Cordas é um dos frutos mais visíveis do empenho de Júlio pela expressão das crianças e jovens para quem é difícil utilizar a linguagem verbal e mover-se no mundo dito normal. No quotidiano com os seus alunos especiais, o professor tem aprendido que a música provavelmente nasce mesmo com os seres humanos – e está a fazer investigação nesse sentido. «Aquilo que se diz, de a música estar no sangue, pode ser mesmo verdade.» O professor percebeu que os seus alunos conseguiam expressar-se através da música de formas muito mais únicas e completas, só que tinham dificuldade em tocar com tantas cordas e em decifrar a pauta. Então, decidiu criar um bandolim com uma só corda e uma só linha de afinação e inspirou-se num método de escrita de notas por cores para os ensinar. O projeto recebeu uma menção honrosa no Prémio BPI Capacitar 2013, cujo valor monetário permitiu mandar construir trinta bandolins com uma só corda. E há um ano que a banda toca por Portugal fora, com Júlio no comando.

É um português extraordinário, a que a NOTÍCIAS MAGAZINE na sua edição de 11 de janeiro vem dar voz. 



FELIZ ANO DE 2015